O que quero - Nicolas Santos

30/09/2018

Olhe nos meus olhos, não use do sentimento mercadológico. Vê se não seca em mim, essa sua tristeza, preciso varar a noite, pendurar-me no varal. Tanto fez por quem tanto faz, vice-versa, poema de manhã, é língua presa, cara não pintada, blusa larga, mão dada, mão dada. Disse não estar bem, sorriste de canto. Procurem-me sem perguntas. Ninguém entende a dor de ninguém. Minha cabeça deveras barulhenta, não encontra, não concentra-se. Faço o que tenho de fazer e isso nem se compara, poema é morte por alma. Resta o que nada resta, passa a chuva e eu, passo, adormeço. Mascaram a real vontade, ingenuidade é corda para quem quer e sabe bem. Não estou mais, lá estarei, sem nada ou ninguém. Quando partiu, alegou, chamou-me de empecilho, os outros não são. Morra. Apago o que posso, elogio o que devo. Sem dever nada, tudo é poder, supera-te. Dívida para comigo é compromisso, vendados, vendidos. Faço o que posso, nada faço, jamais posso. Tudo posso, faço o que devo, o que posso, o que quero.

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