Deserto - Nicolas Santos

09/09/2018

Não canto aos quatro ventos, isso é incredulidade para consigo mesmo, má-fé ordenada e distilada aos que preferem beber do comodismo. Tua propaganda, acabou. Somos diferentes, obviamente, eu sustento e não escondo minha dor. Você finge, artificialidade para quem quer, mesmo se chove, faz calor. Sou um cansaço desértico, me desculpe. Nisto tens razão, mas a razão, a razão é mutável, então esqueças, olha, é melhor esquecer, hoje, amanhã, lembre-se e diga, sobre a razão. Teu ocidente, meu oriente, horizonte. Eu não mais ligo. Agora, choras, esse é o perigo do eterno retorno, não sabes bem, mas o caos se providência por ordem própria. Agora, choras. Há tempos não troco palavras com alguém, não se precipite, procuro quem já vem de encontro, fora, dispenso, diante a rotina planejada. Sou árvore fincada no cimento, ainda não concretizado. Se levantar as mãos, chego ao céu, quem eu gosto, está no pecado, não gosto de nada. A parede azulada, se pinta do laranja das luzes refletoras dos postes. Como se não bastasse, a chuva desliza pela mesma e afina o espetáculo. Não vales como indagação, diante do barulho que se canta com água, não vales o pão, eu também não sou nada disso, odeie-me em paz. Alguns necessitam ser ajudados, outros, grandes, contra tudo e todos, verde que te quero verde, já diria o poeta.

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