Maré - Nicolas Santos

03/06/2018

Uma pessoa nunca é, sempre está sendo. Lamente por si, daqui do alto uma só gota, quando nada souberes, silencie, corre menos risco de parecer o que pareces agora, não que seja. Janela, para-brisas, para-peito, banheiro molhado, chuva seca, chuva seca e secam-se as lágrimas. Secam-se as vidas. Ao cosmos que não desculpa-se por inferir-nos, do alto do chão, tudo é nivelado. Vocês e suas máximas, eu e minhas mínimas, logo quando chuva pede, logo chuva, pode e pede, logo anúncio, despedida. Sentença, desunida. Tenho dores nietzschianas e o pessimismo de Schopenhauer. O funeral das marés é o evento mais belo para quem mora longe do mar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário