Tatuagem número três - Nicolas Santos

27/05/2018

Hoje, não fizeste cerimônias, dramas e novelas. Hoje, despediu-se sem maiores vontades, falta-nos serenidade, é o preço do cotidiano. É deveras complicado verbalizar, dizem que não se pode, talvez não se deva. Carinho é discurso contínuo, até ser interrompido. Fechos os olhos e logo é fim de semana no meio dela, mais um, mais uma, dias, pessoas, já perdi as contas. Preparo-me para a dialética, expor contradições é arte nada monótona. Sou falso profeta, de palavra engasgada, ministro a liberdade, para quem anseia. Prato que só é caco desmonta igual eu faço. Aproveite tua sexta e os demais mecanismos especificamente designados para justificarem o vosso sofrimento. A imprevisibilidade é realmente algo que alerta-nos para a beleza da espontaneidade. Nervos a flor da pele e já és jardim. Juro não compreender a preocupação exacerbada com que os demais fazem de suas vidas. Juro não compreender o inato desejo da critica egoísta. Essa é a parte do dia em que viro um sentimentalista barato. Salvo-me da convalescença, poderia pedir a alguém mas alguém não se pede. Vou contra a maré, verão no inverno. Inferno é o verão. Estandarte é começo para o meio, descalçar-se é ir além, além de nós mesmos, com e para outros de nós, mesmo. Perpetua-se com voz serena e olhos quadrados, castanhos, sei lá, verdes, quem sabe? Não sei, já viraste tatuagem.

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