Remando - Nicolas Santos

01/04/2018

Posso ouvir o som das construções, luzes irão apagar-se, as seis, outras, acenderão, as seis, posso ouvir, tudo. Resulta em alguma ignorância o habeas corpus, dado. Todos são responsáveis e responsabilizar-se por outro, é egoísmo deslavado. Paz e solidão caminham lado a lado, portanto, não sei qual peço, quando em minha própria mente, berro. Alucinação, acomodada, comodo, descabido, flor sem pétalas. Alucinação. Escrevo peças teóricas, tenho adotado uma nova conduta para com os outros, nada que preencha, nada que esvazie, é uma homeostase apática. Um poema bonito que minta sobre a vida. Ainda que lhe seja necessário, desfoco-te. Cabelos anistiados pela solução epocal. A brutidão segue sem rumo. Há horas em que o cansaço é maior que tudo. Ouço apenas os grilos em meio a multidão. É meu rosto, minha vida, isso desanima. É teu rosto, tua vida, isso desanima. Faço-me dessas pedras que derretem, gelo, isso desanima. Pseudo-sofredores, se quer manobram sua arte, deixam na sarjeta, não que a mesma mereça, esse lixo todo. Não há de se entender o que não entendo, haja visto que poucos entendem, logo um pedido, um favor, um abraço gelado, um tchau, tudo de novo. Mas não atormente, não encha o saco. Admiro o Raul Seixismo e os Leminskianos, Bukowski e Drummond, Orwell e Nietzsche, mas ainda prefiro não tocar piano, ser o que quero. A dialética do cotidiano, ensina mais que qualquer colégio. Grato, disponho os pulsos sobre a mesa, escolha não se corrompe, pelo menos, assim penso. Resolverás, esquecerás, tudo em algum lugar. Cuido dos teus remendos, remendo-nos, remando.

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