O livro laranja - Nicolas da Silva Santos

17/07/2016

Alugo as lágrimas de todos da rua, as planto em cada planta, eu só e o vento só, somente nós, acabemos por determinar o que não determina-se. Programo em detalhes quaisquer, hoje choveu, espero o mesmo de amanhã, frio é alegria, embora essa eu dispense. Disseram-me : não fiques assim. Olha, não me olha assim, isso machuca como a inocência que insisto em resguardar, olhos pequenos ou grandes em medida, um lago onde nada. É fácil daí, daqui nem a corte que corta, falta-nos representatividade, diria que não quero, apenas canso-me e reclamo, reclamo, reclamo. Não obedeça, não obedeça, falam da postura e outros quinhentos, somos casca dura, filhos da rua, somos sem regras e morais. A doçura está no que observo. Eu sou uma força indomável da natureza, furação sem pretensão, gênio incompreendido e desatento a qualquer vontade, nada se altera sem ser. Não ataco ou envolvo quaisquer destes meandros artificiais, mudam-se, mudam-nos, tudo bem, certeza já disseram, inutilidade prática, sou convicto. Irretocável a térrea angustia de nós, seres complexos que em nada aderimos coragem pura, insanidade é uma forma de expressar-se, expresso. Derrota é derrota, sem ponto, contestação é validável, adorável, vencem-no com estas morais típicas e filhas de um capital rompante. Eu fico por aqui, querendo-te.

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