Clássico - Nicolas Santos

03/04/2016

O que está na alma, não está em lugar algum, assim como a alma. Jogam-se da ponte com o intuito de permanecerem na memória, fica quem sabe voar, criar é realmente muito difícil. Tudo será plágio. Meu evangelho é poesia de bar, dessas que embriagam qualquer canalha que se considera muito esperto, que essas vagabundas amam sem entender. Mortal é quem deixa algo, algo realmente que mereça ser deixado, muros, grades e todo o rebanho não entendem, suas marcas são a prova. Minha camisa cheia de sangue, seus conselhos, uma tragicomédia que desatará tão repentinamente que acostumo-me desde já. E fazíamos, fizemos daquele jeito, você fingia que me amava e eu fingia que acreditava. Olhos fundos que pronunciavam todas as letras do alfabeto, nomenclatura das borboletas que infestavam o estômago, esfaquear era sucinto. Escreverei em abundância sobre esta dor, a dor de todos que massifica a unanimidade humana. Quem queira acompanhar-me, acompanhe-me, eu inexisto longe de tudo e todos, inexiste tal tamanho, suporto-me numa casca inviável. Por você que desafina quando se ilude tentando me conquistar, oras, isso já está em processo, eu garanto-me à ti, apenas queira, apenas. Todos os meus costumes caem nessa costumeira enganação que assumes frente ao ópio e aos urubus, verme inflável, espero que ames e ames. Crueldade infinda, malogrados do tormento repentino da terça-feira que soma-se a segunda que some, seus pés. Naturalmente indecente, vida. Oceano sou, Kafkiano não, muito menos feliz, talvez sim, Kafkiano, aliás, obrigado. Surreal por surreal, pesadelo por sonhos, olhos se abrem. Só não espere que eu dê importância.

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