Qualquer coisa - Nicolas Santos

29/07/2018

Vocês esperam concertos mirabolantes, mudanças extravagantes, vou lhes dizer, o ser humano é essa chatice enrolada mesmo. Sou mar em tormenta, prestes a arrebentar-se no primeiro coral, mas levo comigo seis e algumas garrafas. Odeio-me por isso e todos os conhecidos que lhe conhecem, a areia em que pisas e cada grão cósmico, teus átomos, meus atos. Aos inícios, metades, agora o céu é todo teu, para minha vida os portões do inferno abrem-se. Sonhei que era a luz do mundo, acordei, acordado, comumente. Minha crueldade adiante, para teus instantes, estante. Fraciono o tempo e percebo que o amanhã fora ontem, perdi as contas, contigo, comigo. Quanto a parede, paralelepípedo. O chão é tijolo, o resto, desconforto, teto não há, levante a mão quem não está tentando preencher o vazio. De cá, nenhum olho se prega, temos compromissos, nada obstante do que haveria de haver. Sorriso verifica-te mas, segunda, não quero-lhe. A resposta à qualquer invencionice como o amor, é não. A falácia é condecorada, o tempo que volta é o mesmo que vai. Frente para com os demais, assumimos o assunto, desarmamos o concurso. Abastecemos com notas, francamente ode ao que constam, os que restam. Alagamos o espaço, os inconformados. Bebo o que ainda tem. Poemo-os.

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