Estado - Nicolas Santos

15/07/2018

Lava-me a mão esquerda, hoje não dormirei porque seu maldito cabelo desloca-se a tua face, por conta do maldito ventilador. Há quem disponha-se logo cedo, não pronuncio palavras educadas pela amanhã, notifique o descaso e dance na chuva meteórica. Dance sem par. Separa-se frente a inóspita vontade que a cortina tem de mover-se junto ao sol, num baile, num ballet, cósmico, cômico, inconsequente. Você se dispõe de certezas baseadas em sua vida, já eu, inauguro discussões sobre a razão. Caso não entenda, não explicarei. O meu cansaço em um papel, teu, coadjuvante. Natureza morta é comodidade comum à quem já se acostumou, caminhas de lá a cá em asfalto ferido, designa o instinto, ressuscita-os, moça. Floresce de minhas entranhas, raiva permanente, deslumbram-se e pouco afeto, só por isto, só. Em si a sentença, o adeus, o sonho. Enquanto existes, faço minha parte, coração se corta por toda gentileza ineficaz. Gesto teu, vale o dobro, fale mais do menos. Fale de nós. Quando vontade há para manusear qualquer tola palavra para qualquer tolo ser, seres tolos aqui não caminham e eu sou vento do litoral sul. Mesmo quando descobrires o que sinto, esquiva-se e finja sorrir, assim como quando não estás bem e afirma minhas dúvidas no cenário irreal. O preço de se fechar os olhos e as janelas, é não ver tudo que o mundo não cisma em esconder. As vezes até gosto, mas isto é multidão com rosto, o espelho não engana, as vezes, até gosto, vejo-me, pobre criança desalmada, eu vejo. Procuro nisto, algo, algum sentido, defendem-se bem, aparecem quando convém, tenho estado, tenho cidades e revolução, tenho estado, líquido.

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