Três e trinta e oito - Nicolas Santos

27/08/2017

Ameaçaram-me com uma cela, quebrei-a. Com mordaças, rasguei-as. Ameaçaram-me com dores inumanas, sou demônio. Ameaçaram-me com o céu, cético.
Desencontro, casualidade pontual. Sem óculos sou o mais cego dos seres vivos e ainda teimo de forçar a vista, ela passa, acompanhada, refaço. És melhor ao natural, tanto faz o que usa. Desde a eternidade, estamos descalços sobre a ignorância. És melhor, quando o sol desvia tua boca. Cresce teu sono, tua angústia. Minha dor, incurável, incansável. Face a face, branda tua cara no travesseiro, no meu peito. Mentira tua, mentira minha, eles todos, um caos mais ou menos organizado, elas todas, sobrancelhas ao chão. Quem nada vê, oceano fica.
É isso, vou me despedindo. Para quem sabe que isso é uma despedida e o porquê. É isso, quando terminar, quero o verde. Me despeço aos poucos. Só não esqueça, eu já esqueci, não foi assim tão difícil, tanto que me lembro com facilidade. Por vez, nem o tempo, nem a cidade, saudade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário