Poços - Nicolas Santos

12/07/2020

Minha profundidade é a mesma dos poços que habitei e habito. Eu sou antigo como uma árvore, e ao mesmo tempo, recém nascido. Eu já me perdi de mim mesmo e fingi me encontrar para me perder de novo, eu gosto de estar perdido, como uma luta que já passou, como a água que já choveu. Eu tenho essa confiança elegante, de quem não confia em nada e tenho medo de confiar. Eu sou o próprio vento a soprar, sou sul sem norte, morte sem vida. Eu sou tudo que ainda vou ser e o que jamais serei, sou tudo que erro e errei, eu sou alguém muito educado, tentando economizar gestos, mas também sou afeto. Eu sou quem eu coube ser.

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